Leandro Lo foi um dos mais talentosos atletas de jiu-jitsu brasileiro que já competiu na categoria de kimono e recordista do maior número de títulos mundiais da IBJJF em diferentes categorias de peso (5) – leve, médio, meio-pesado, pesado e absoluto, recorde de 20 anos quebrado em 2020 (mais detalhes aqui).
Ex-aluno de Cícero Costha, os primeiros passos de Leandro Lo rumo ao estrelato no grappling foram dados em abril de 2011, quando derrotou Michael Langhi (que estava invicto há 3 anos), rumo ao topo do pódio do UAEJJF World Pro. Desde essa vitória, Leandro Lo se consolidou como um dos melhores grapplers “Pound for Pound” que já apareceu no tatame, com repetidas vitórias em Campeonatos Mundiais, na prestigiada Copa Pódio e em Campeonatos Pan-Americanos. Lo foi baleado e morto em um evento público em agosto de 2022, aos 33 anos (veja detalhes abaixo).
O Legado de Leandro Lo
Leandro Lo nasceu em 11 de maio de 1989 na zona leste de São Paulo – Brasil. Começou a praticar Jiu-Jitsu através do Projeto Social Lutando Pelo Bem (PSLPB) projeto social para crianças carentes em 2004, projeto liderado por Cícero Costha.
Leandro era um atleta nato e conquistou muitos títulos importantes como júnior, como o Mundial de 2005, voltando a medalhar em 2006. Conhecido como grappler tipo guarda-aranha/triângulo, quando era faixa-roxa, o jogo de Lo mudaria devido a uma lesão sofrida quando era faixa-roxa, que o afastou das competições por alguns meses. Sem ter pressão para ter um bom desempenho todos os finais de semana, foi na fase “livre de competição” que Lo começou a trabalhar em seu jogo de ponta, jogo pelo qual ficaria conhecido no apogeu da faixa-preta.
Em 2007, a maior organização do mundo (CBJJ/IBJJF) transferiu seu torneio mais importante, o Mundial, para os Estados Unidos em busca de reconhecimento mundial. Com a mudança, muitos competidores brasileiros (incluindo Leandro) perderam a janela, melhor forma de mostrar suas habilidades para um público mais amplo, pois não tinham como viajar para a América. Esses grapplers ficaram com eventos menores, a maioria dos quais vencidos por Lo.
Foi no dia 14 de abril de 2011 que Leandro finalmente virou algumas cabeças em sua direção. Depois de vencer as seletivas no Sul do Brasil (Gramado), Lo derrotou duas lendas na fase final do torneio, Celso Vinicius e Michael Langhi. Langhi era amplamente considerado o melhor peso leve do mundo e não perdia uma competição há 3 anos. Em 2012, Leandro Lo consolidou-se como o melhor competidor peso leve do mundo, após vitórias no Mundial, no Pan-Americano e no Brasileiro. Leandro também se consolidou como uma força a ser reconhecida no absoluto com a vitória no Brasileiro Sem Kimono e o segundo lugar no Mundial Sem Kimono.
Depois de vencer todas as principais competições no peso leve, Leandro Lo subiu de categoria. Lutar no peso médio não atrapalhou seu desempenho, pois ele continuou vencendo todas as principais competições de grappling com e sem kimono.
No final de setembro de 2015, Leandro Lo e alguns de seus companheiros romperam vínculos com a equipe do PSLPB, passando a formar sua própria academia, liderada por Lo. Jiu-Jitsu New School Brotherhood era o nome da nova equipe. Entre os atletas mais importantes que saíram com Leandro, estavam: Luiza Monteiro, Hélio Dias, Gustavo “Braguinha”, Ygor Schneider, Anderson Lira e Wellington Luís.
Em junho de 2018, Leandro esperava igualar os 4 títulos mundiais da IBJJF de Saulo Ribeiro em 4 categorias de peso diferentes, depois de perder em 2017. Ele chegou à final contra Mahamed Aly, mas foi forçado a desistir após uma lesão no ombro causada por um arremesso que deslocou seu ombro. Embora ainda escalado para disputar a final do absoluto contra Marcus Almeida, a lesão o impediu de pisar no tatame e perdeu toda a esperança de igualar o recorde de Ribeiro. Isso até que Marcus optou por perder o título e não desafiar Leandro, garantindo assim ao paulista o primeiro título absoluto e o quarto título mundial em outra categoria de peso.
A Morte de Leandro Lo
Leandro Lo morreu na noite de sábado, 06 de 2022, em decorrência de um ferimento causado por arma de fogo na cabeça. Os trágicos acontecimentos aconteceram no showroom do Clube Sírio, em Indianópolis, bairro de São Paulo, Brasil, onde Leandro assistia a uma apresentação musical da banda de pagode Pixote. Segundo diversas testemunhas, o atirador, um policial militar de folga chamado Henrique Velozo, aproximou-se da mesa onde Lo e seus amigos estavam sentados e se comportou de forma injusta ao roubar uma bebida da mesa. Leandro confrontou Velozo e os dois entraram em combate físico onde Lo assumiu o controle da ação. Uma vez separado pelos transeuntes, Lo voltou para sua mesa, mas Henrique o seguiu até lá e atirou na cabeça dele à queima-roupa.
Apesar de ter sido imediatamente levado às pressas para o hospital, Leandro perdeu irreparavelmente todas as funções cerebrais. Henrique Velozo fugiu do local do crime, mas posteriormente foi preso pela polícia.