Muitas pessoas apresentam limitações físicas e motoras e, mesmo, mentais, em inúmeros aspectos. Tais pessoas, assim como as que não têm estas limitações, vivem em uma sociedade complexa como a nossa atual tendo em si mesmas os valores humanos e direitos ao acesso como todos nós. Devido às limitações apresentadas, estas pessoas precisam percorrer o processo de inclusão.

Apresentar limitações não significa, de forma alguma, uma proibição à pratica de algum esporte e, com a arte suave, não é diferente. Ao contrário, esportes como o jiu-jitsu são capazes de promover a inclusão social, melhorar a motricidade e facilitar processos de reabilitações motoras.

Na prática do jiu-jitsu, pessoas com deficiência desenvolvem suas habilidades e potencialidades motoras aliadas a uma série de benefícios como inclusão social, melhora comportamental, melhora no nível de confiança, autoaceitação e melhora no humor. Apesar dos notórios benefícios, a inclusão desses atletas é um desafio de mão dupla. Neste desafio temos em um lado os atletas que precisam de adaptações e que precisam compreender que haverá limitações na prática do esporte. Haver limitações não significa, contudo, impedimento para a prática do esporte. Do outro lado o desafio é a promoção de aulas adaptadas e participação de todos que fazem parte do contexto da academia para que de fato a inclusão não fique apenas em teoria. Neste quesito, respeito e humanidade são conceitos fundamentais. É necessário respeito para com as eventuais limitações e humanidade em se aceitar e entender que todos temos limitações.

Alguns aspectos práticos precisam ser trabalhados para a promoção da inclusão de pessoas com deficiência na arte suave. Um estudo do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília apresentou a concepção de pais e professores sobre a inclusão de crianças com deficiência. Uma conclusão que foi apontada no estudo é a falta de preparo para recepção destas pessoas nas escolas. Quando consideremos as academias de jiu-jitsu, de certa forma, esta questão continua sendo uma barreira. Por exemplo, a sua academia tem acesso facilitado para cadeirantes? E banheiros adaptados?

Uma segunda questão que é preciso ser abordada é a preparação das professoras e professores que recebem estas pessoas. Se a nível acadêmico há uma percepção forte de falta de preparação, então o que se esperar quando até mesmo se questiona o nível de preparação das atuais professoras e professores de jiu-jitsu? Muitos argumentos no sentido de que a presença de pessoas com necessidades especiais dificultam a aula e a tornam menos proveitosa ainda são, infelizmente, utilizados.

Apesar da maioria dos estudos de inclusão de serem voltados para as escolas, existe um tópico que parece ser comum e uma das maiores barreiras para que a mesma seja uma realidade: o preconceito. Este tema já foi o objeto de um estudo intitulado “Preconceito e Inclusão” (leia aqui). E, muitas vezes, esta realidade permeia as academias de jiu-jitsu.

O local onde treino (Black Team Jiu-Jitsu em Brasília) tem um aluno que é paraplégico. Certa vez o professor destacou no final do treino dizendo: – É uma honra para nós tê-lo aqui conosco! E de fato é! Ele nos ensina muito sobre superação, força de vontade, a não se entregar às dificuldades e a ter alegria em viver. É preciso, para se ter tais pessoas nas academias, se reinventar. Seja como quem ensina, seja como quem aprende. Sejamos professoras, professores e colegas melhores.

Creio que seria ingenuidade dizer que é fácil ter deficientes nas academias, mas certamente é um caminho mais humano, maior e que dignifica a todos nós. E devemos pensar que o caminho é muito mais difícil para eles. Então, cabe a nós, acolher, ter empatia e não dar espaço ao preconceito.

E como é na academia de vocês? Conte-nos suas experiências e comentários!

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